segunda-feira, 6 de setembro de 2010

...

O estrondo que resulta do encerramento de uma porta é inversamente proporcional à determinação empenhada em mantê-la fechada.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Crossroads

Não entendo muitas coisas. Aliás, geralmente, não me entendo. No entanto, existem outras. Óbvias, viscerais, intrínsecas. Coisas que não acho, mas que deixo que me descubram e que se aninhem aqui dentro, no fundo do peito. Gosto delas, mas às vezes, preciso também de gostar de mim.

:)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Se...

Se;
Por um instante parasse o correr de pensamentos
A calma me invadisse
O vento soprasse (dentro dos meus ouvidos)
A maresia tomasse conta de mim
E me levasse, embalada,
Para onde não quis ir acordada,
Chegaria, certamente,
Onde deveria ter nascido.

(Exercícios... :D )

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Circo de Feras

A vida vai torta…

Torta. Para mim é tão aceitável como qualquer outro modo de estar. Presença torta, a minha, incorrigivelmente teimosa. Teimo em fazer o que me aprouver sem contemplações.

Jamais se endireita…

Teimosamente. Não quero. Os padrões ficam bem em cortinados, não em vivências… Faço, e farei sempre, os meus. Teimosamente.

O azar persegue - e esconde-se à espreita.

Persegue. E eu ponho-me a jeito. Ainda estou longe de me graduar da escola do disfarce, daquele que permite escolher as situações em que ele vai bater à porta.

Nunca dei um passo - que fosse o correcto - eu nunca fiz nada - que batesse certo.

Os passos errados são apenas o caminho mais longo. E nesse caminho comprido - qual via secundária - aprendem-se e vêem-se muitas coisas que não se saberiam existir caso a rota fosse outra. Gosto dos meus “maus passos”, fizeram de mim o que gosto de ser - ainda que para mais ninguém bata certo.

E enquanto esperava - no fundo da rua - pensava em ti - e em que sorte era a tua.

Esperar não é, nem será nunca desconfio, uma virtude que me gabe de cultivar. Muito menos esperar por decisões alheias. Tremendamente mais improvável quando não tenho ideia que resposta espero, ou quero, ou preciso. Audaces Fortuna Juvat. Está na altura de construir a minha.



De modo que a vida - é um Circo de Feras - e os entretantos, são as minhas esperas.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Baloiço

Pendurei-me ali. Quieta, contemplativa. Perdi-me ali - pendurada - no baloiço. Aquele, que me embalou os sonhos. Aqueles sonhos dos caracóis ruivos, da pele porcelana e do olhar inquisitivo. Quis voar. Tentei. Caí. Vou voar agora, tenho as asas aqui. Voei. Aterrei numa menina trigueira, dos olhos doces. Voa - voa agora Princesa. As asas são tuas. Eu, depois de voar, sou-te ninho.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Home...

Sabe bem voltar a casa. Voltar ao cheiro da colcha de chita... - o mesmo que me embalou durante tantos anos - e às memórias que estão perdidas atrás de cada espaço. Consigo ficar horas perdida a olhar para o tecto daquela divisão que, dentro da sua pequenez, consegue conter a minha vida e o meu eu todo lá dentro. Sabe bem, muito bem, olhar para mim de novo e começar a sentir-me de novo. Aquele eu, que ficou suspenso dentro daquelas exíguas paredes azuis.

Home sweet home...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Restaurantes (I)

O Jacinto

Chegada à porta daquela vivenda - não fosse o letreiro jamais se imaginaria ali um restaurante - numa zona pacata de Telheiras, ia já avisada que tinha um bom spot a descobrir. “O Jacinto” tem uma decoração alegre, porém clássica, e bastante confortável. Destaca-se imediatamente a simpatia e dedicação dos empregados, prestáveis, afáveis e sempre disponíveis.

As entradas tinham de sobremaneira óptimo aspecto. Eleito: Chèvre assado com Mel barrado em broa de milho. Ficaria seguramente por ali o resto da noite sem me queixar… Mas depressa fitei outros objectivos quando me foi apresentada a carta. Alvo: Bifes de Atum fritos em Alho. Meanwhile, escolhe-se também a companhia… Dona Maria Amantis, branco, leve, combina bem com a noite muito quente que tinha por cenário.

Entre goles de vinho, e ainda acompanhada pela broa, dei as boas vindas aos nacos de atum que tinham um aspecto para lá de apetitoso. Muitíssimo bem confeccionados, acompanhados de batatinhas fritas, e com um molho que - pecadora me confesso - não estivesse eu ali teria certamente sido devorado com pão! Comida que aconchega o estômago e não precisa de ser consumida rapidamente, aliás, saboreia-se melhor devagar, quase em ritmo de petisco, enquanto se conversa.

Duas horas depois, sobremesa. Pedi Petit Gâteau de Chocolate com Gelado de Limão. Pois. Eu adoro chocolate, especialmente se vier em forma de bolinho quentinho e a derreter-se por dentro. E aquele estava no ponto! Licor de Whisky para acompanhar o café, à mistura com um cigarro no lounge onde se estava belissimamente…



O Jacinto

Ventura Terra 2
Lisboa
1600-781 LISBOA

Telefone: 217591728

Preço médio de refeição: 30/35€

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Opostos...

Será possível querer duas coisas completamente opostas ao mesmo tempo? Querer voar sem tempos nem amarras, e ainda assim querer ter um poiso à espera, paciente, para contar que se viu mundo?

Quero muito, mas não sei o que quero na realidade.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Azul

Feeling blue. Há dias assim… Dias em que parece que nada nem ninguém me entende, que estou irremediavelmente descontente. Dou comigo a deambular dentro do fio dos pensamentos e das memórias. E chego à conclusão que tenho saudades das minhas asas. Não sei se as perdi, não sei se têm medo de se soltar. Porém sinto-lhes a falta.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Todos os dias...

Fecho a porta. Ataviada numa toalha, com a maquilhagem parcialmente destruída, cabelo desalinhado, procuro um cigarro. Perco-me por instantes no fumo azul que flui desordenado. Lentamente, organizo mentalmente todos os passos que se seguem. As “provas do crime” vão cuidadosamente embrulhadas para o lixo, o lençol segue também o seu caminho, as toalhas idem. Sento-me na cama enquanto me perco novamente no cigarro. Há que preparar tudo de novo... A maquilhagem tem de ser reposta, o quarto organizado, a casa de banho ordenada como se nunca vivalma lá tivesse estado. Dentro de meia hora o telefone toca de novo, e recomeça a mise en scène.

O processo repete-se vezes sem conta desde aquele dia, com dezoito anos e poucos meses, em que o telefone tocou pela primeira vez. A Mariana, Miana, Mimi... mudou drasticamente. Já não me foge o olhar para outro lado que não os outros olhos que se deparam à minha frente. Já não sinto o frio na barriga, os pontos de interrogação são outros...

Hoje, três anos depois, cresci muito mais que alguma vez poderia supor. Quer dizer, acho que sim pelo menos. Ninguém espera muita maturidade de uma garota de vinte e um anos. A não ser eu mesma. Teimo em acreditar que sou feita de algum tipo de material indestrutível, e continuo irredutível na ideia que vou durar para sempre, seja qual for o meu caminho. Por enquanto, o caminho continua a ser aquele que, apesar de uma escolha difícil, foi a minha escolha consciente. Assumo-a plenamente, com todos os prós e contras... Porque a bem ou a mal fui sendo feliz com ela...

O telefone tocou novamente, segue-se mais uma hora e picos de “trabalho”. Outra pessoa, outra Mimi. Mimi Camaleão... moldável e mutável como cada feitio ou cada pedido que me entra pela porta.