sábado, 16 de fevereiro de 2013

Estória de um passado-presente (II)

Março de 2007
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Dezoito anos e seis meses, ainda abananada por uma maternidade demasiado precoce, não fui capaz de desistir daquilo que eu entendia como "ser eu". E "Eu" gostava de música, de livros às dezenas, de comer coisas estranhas e em sítios "cool", de ser adulta desde muito cedo - com direito a charutos e whisky que deixavam meio confusos os que me rodeavam, para meu gáudio. De teatros, espectáculos, telas e partituras... Gostava de ir onde me desse na telha, com quem me desse na telha, porque sempre até então tinha tido liberdade e euros no bolso que mo permitiam. Nunca liguei grandemente ás calças X ou casaco Y (esses gostos adquiri-os mais tarde...). Gastava, portanto, as minhas mesadas em tralhas inúteis à maioria das miúdas da minha idade. Afinal, os livros - em conjunto com os grandes óculos que sempre usei - não eram "fixes". Sabia mais depressa a capital do Sri Lanka que o nome do último "it boy" da TV. E isso fazia de mim uma freak...

É imensamente mais fácil camuflar-se o que comigo se passou naquele Março quando se vive numa "ilha". - "Afinal, se ninguém nota, não existe, certo?" - E, confrontada com um cataclismo, resolvi não resignar-me. Achei que podia solucionar os meus problemas como as moças que davam entrevistas à Sábado, Visão e que tais. Era novinha, não era assim muito feia, sabia falar e conversar sobre tudo e um queijo. E era isso que se lia na altura... a maneira cor-de-rosa como as meninas falavam na imprensa dos encontros com príncipes encantados que lhes pagavam uma pipa de massa para serem "acompanhados" por elas. O lado físico, "animal", da coisa, era "menor". "Se elas podem, porque não eu?!?". Lancei-me à procura de respostas para as minhas perguntas: como, quando, quanto. Deparei-me com os blogs e sites pessoais das referidas acima. E comecei a juntar os pontos...

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